Cerca de 1,4 milhões de eleitores, pouco mais da metade da população namibiana, país vizinho de Angola, exerceram o direito ao voto, nas urnas, ontem (27 de novembro).
Estas eleições gerais tornaram-se históricas para a comunidade LGBTQIAP+ e para o continente africano, já que pela primeira vez, dois jovens assumidamente Queer se candidataram a cargos públicos no parlamento.
Kevin Wessels, de 28 anos, está a representar o Partido Republicano da Namíbia, e William Minnie, de 22 anos de idade, do Movimento dos Sem Terra.
Este marco acontece em um momento em que a Namíbia está em cruzamento em relação aos direitos das pessoas LGBTQIAP+, tendo o Tribunal Supremo do país descriminalizado a homossexualidade em junho deste ano.
Em entrevista exclusiva para o portal de notícias sul-africano, MambaOnline, o candidato Wessels falou sobre a sua decisão de concorrer e a importância da representatividade na liderança.
“Eu me identifico como um indivíduo pansexual, e ser aberto sobre minha identidade é parte integrante da minha jornada e liderança”, ele explica. “Visibilidade importa. Representação em papéis de liderança desafia estereótipos e promove inclusão.”
Wessels acrescenta que antecipou as críticas, mas “também reconheci a oportunidade de inspirar outros, particularmente aqueles que podem se sentir marginalizados, a acreditar que eles também pertencem a espaços de liderança e tomada de decisão”.
Embora reconheça que seu partido, uma organização de base cristã, não apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ele compartilha que o partido demonstrou respeito e valorizou suas contribuições. “Isso reflete uma crença em tratar todos os namibianos com dignidade, independentemente de sua origem”, diz ele.
Wessels espera que sua candidatura tenha um impacto além de seu país, onde políticos Queer assumidos são extremamente raros, excepto na África do Sul. “Meu objetivo é criar um legado de abertura e igualdade, abrindo caminho para que outros em toda a África assumam papéis de liderança sem medo de preconceito”, ele diz.