Em suas redes sociais, o articulista e activista pelos direitos das pessoas LGBTQIAP+, David Kanga, publicou uma carta aberta de repudio contra uma reportagem feita pela TV ZIMBO, na última semana do mês de Junho (28), no programa “Fala Angola” que abordava (de forma deturpada e problemática, segundo David) sobre os procedimentos estéticos de uma mulher Trans.
Após analisar a reportagem, que foi publicada no perfil “Informação TV ZIMBO” da mesma cadeia televisiva que abordava sobre os procedimentos estéticos de uma mulher Trans, Kanga comentou sobre o quão problemático foi a reportagem e as consequenciais que a mesma poderá ter na vida de outras mulheres Trans e homens Gays.
Na carta aberta, David Kanga escreveu o seguinte: “o canal televisivo legendou a reportagem – que já conta com mais de 130 mil reproduções – com os dizeres: “Homem “Trans” Jardado assume que não consegue arranjar emprego por causa do aspecto físico”. No rodapé da reportagem teve a seguinte descrição: “Cassova (nome fictício) assumiu a homossexualidade aos 20 anos de idade”, entrando em contradição total com a identidade e expressão de género da convidada para a reportagem, e, confundindo o telespectador sobre a diferença entre identidade de género e orientação sexual… Mas até que ponto essa reportagem é extremamente perigosa para a sociedade angolana, e em particular para as mulheres Trans e homens Gay?“.
O activista e editor-chefe, mostrou-se indignado ao perceber que a reportagem era composta por falas discriminatórias que anulavam a existência da mulher Trans, que estava ser entrevistada pela equipa do “Fala Angola”, ferindo com todos os princípios éticos e deontológicos jornalísticos, e, os direitos humanos das pessoas LGBTQIAP+, de modo a promover a estigmatização e a discriminação da comunidade Queer angolana.
Ainda na carta, Kanga comentou acerca do papel dos órgãos de comunicação social em Angola na proliferação dos discursos de ódio contra a comunidade LGBTQIAP+. “Há muito tempo que os maiores órgãos de comunicação social em Angola têm servido de propagadores de desinformação e incentivadores de discriminação e exclusão das pessoas LGBTQIAP+ em Angola. Têm ridicularizado os corpos de pessoas Queer, e permitido, que indivíduos com discursos de ódio contra as minorias sexuais, tenham espaço em suas plataformas para disseminarem os seus discursos”.