Após o Suprema Tribunal queniano ter ordenado ao governo local registar a “Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Gays e Lésbicas” como uma ONG, incluindo no seu registo as palavras “lésbica” e “gay”, centenas de pessoas protestaram em frente ao Tribunal Supremo contra os esforços destinados a defender os direitos da comunidade LGBT no Quénia, na passada sexta-feira (6).
Os manifestantes que estavam a protestar principalmente contra a recente decisão judicial que permitia o registo da Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Gays e Lésbicas, eram liderados de forma proeminente por líderes muçulmanos. Na ocasião, os manifestantes exibiam cartazes que qualificavam a luta pelos direitos LGBT como satânicas e apelavam a demissão dos juízes do Supremo Tribunal que emitiram a decisão.
Protestos semelhantes ocorreram em outras regiões do país no último mês, como em Mombaça e Eldoret. Durante as manifestações, os líderes invocavam a Bíblia Sagrada e o Alcorão para condenar as pessoas LGBTQIAP+.
Em um comunicado, a Amnistia Internacional Quénia manifestou a sua profunda preocupação com o recente escalar de manifestações anti-LGBTQIAP. “Esta radicalização está a ser activamente estimulada e tem o potencial de pôr em perigo a vida dos membros desta comunidade diversificada”, afirmou a organização no comunicado.
O Diretor Executivo da Amnistia Internacional no Quénia, Irungu Houghton, acrescentou, dizendo: “nosso sincero apelo aos líderes políticos e religiosos no Quénia para que tenham cuidado e cautela nas suas declarações públicas sobre as comunidades LGBTs. Ao em vez de promover a hostilidade, a discriminação e a violência contra outros quenianos, instamo-los a iniciar um diálogo respeitoso com os representantes da comunidade. A promoção da compreensão e do respeito mútuo contribuirá positivamente para o progresso e a unidade da nossa sociedade”.